Há cinco meses, Mickaël de Oliveira assumiu a nova direção artística do Teatro Oficina por dois anos. Um caminho que está a correr “bem”. “Estou a conhecer melhor Guimarães, as pessoas de Guimarães, as pessoas d’A Oficina, os meus colegas de trabalho, e estou a perceber o impacto que o projeto está a ter no meio artístico, sobretudo, mas não só”, referiu.
No documento de apresentação, em janeiro, estava 36 vezes a palavra criação escrita e o projeto artístico já está a decorrer. Mickaël de Oliveira acredita que o Teatro Oficina serve de “plataforma para cruzar pessoas e, ao mesmo, a partir de Guimarães, criar obras originais. É muito importante para o Teatro Oficina, enquanto companhia, firmar-se como entidade de produção”.
Fruto das quatro Open Calls recentemente lançadas, são agora conhecidos os resultados surgidos entre 215 candidaturas registadas, um número que reforça esta aposta na criação e que leva a crer que o Teatro Oficina “está a ser útil para que muitos artistas possam desenvolver o seu trabalho”. Para o dramaturgo e encenador “foi fantástico, porque houve recetividade e quer dizer que o projeto artístico vai ser útil e vai servir muitos artistas”.
A primeira sessão dos Encontros de Dramaturgia já aconteceu e “é quase um clube para debater uma coisa concreta”. Foi uma sessão de trabalho, entre as pessoas que foram selecionadas. Vão, a partir de 23 de maio, abrir às terças-feiras, no Espaço Oficina, com Patrícia Portela e Rui Pina Coelho. Um projeto que nasceu muito da necessidade de Mickaël de Oliveira enquanto criador.
Os autores convidados pelo Teatro Oficina oferecem um processo de criação em partilha com outros autores e/ou leitores que participaram no processo de seleção via Open Call. São leituras participativas abertas a todos os públicos, onde serão lidos textos, em voz alta, que têm acompanhado e dão forma aos novos trabalhos literários para teatro de Portela, que está já “a partilhar o seu modo de ver a literatura, os textos para teatro e não só” e Pina Coelho.
Também a primeira residência artística está já a acontecer e, no próximo dia 10 de maio, às 21h30, no Espaço Oficina, será possível ficar a conhecer o processo de criação de Manuela Ferreira e Rita Morais no Ensaio Aberto do projeto “Showroom”, um espetáculo site-specific que acontece numa loja-showroom de cozinhas, num exercício de (re)montagem cénica. Neste caso, está a ser feita uma adaptação para uma sala.
“É importante termos o projeto para sabermos como é que as pessoas reagem”, acredita a direção artística do Teatro Oficina que explicou que, ali, os artistas “têm acompanhamento técnico e dramatúrgico” e que é um artista que “acompanha a obra problematizando-a, dando um feedback à equipa, sempre numa ótica de ajudar a pensar a obra”.
“Não há nenhum sítio em Portugal onde isto acontece de forma sistemática. É um modelo novo que estamos a tentar propor para servir de exemplo para as demais residências que se façam em Guimarães ou lá fora”, frisou Mickaël que garante que “qualificar as residências artísticas é uma missão”. Além disso, “os Ensaios Abertos são muito importantes para dar a conhecer, em primeira mão, ao público de Guimarães, muitas das obras que vão ser estreadas em Portugal este ano. É um privilégio para mim, para A Oficina, para as pessoas de Guimarães, termos, às vezes, obras a antestrear, com ensaios abertos já muito elaborados, ou com um grande momento de partilha sobre o que é que é a dramaturgia do espetáculo”, disse.
Na última semana do mês, emergem no Espaço Oficina três criações que se exprimem nas apresentações finais das turmas das Oficinas do Teatro Oficina (OTO). A turma Drama, orientada por Gonçalo Fonseca, apresenta “Os Maus Alunos”, a 27 de maio, às 17h00. A partir do texto “O coro dos maus alunos” de Tiago Rodrigues, estes “maus” alunos contam a história de um velho professor de filosofia, o único a quem eles chamavam de professor, sendo aquele que vai mudar a vida desta turma para sempre. No mesmo dia, às 21h30, a turma Ribalta, orientada por Inês Lago apresenta-se no seu “Salão de Espera”, onde desfilam números através de um altifalante. Os números aguardam pacientemente a sua vez. A sua vez de quê, não sabemos. No dia seguinte, às 17h30, chega a vez da turma Malagueta, orientada por Letícia Moro, nos revelar que “Nem Tudo está Azul no País Azul”. Uma história vivida num reino de cores primárias, impositivo e sem permissão de misturas. Mas quando o vermelho Leo e a amarelinha Lina se conhecem, uma história de amor prevalece e, dessa união, nasce uma menina Alaranjada.
Em outubro, Mickaël de Oliveira vai apresentar o seu trabalho, “Ensaio Técnico”. Vai “retratar atores e não só dentro de um processo criativo a debaterem-se com aquilo que nos estamos a deparar atualmente”. É uma “espécie de abrir uma janelinha para um processo de criação inventadíssimo e é uma maneira de continuarmos a pensar no que é criar e para quê criar”.
Estão agora a decorrer as audições e “a expectativa é sempre boa, é sempre de ter encontros surpreendentes”. “Tenho sempre esses encontros nas audições, é por isso que as faço, para conhecer gente com quem nunca trabalhei e para aumentar as oportunidades de todos. É importante haver audições para escolhermos elencos e tenho feito isso de forma sistemática”, justificou.
Continuando com a máxima de apoiar os artistas, surgiu a “Linha de Apoio à Criação” que já está 100% em funcionamento e já estão a responder a pedidos concretos.
“Temos janelas públicas de atividades e são janelas importantes para ver a novidade, para ver a coisa que não está ainda pronta, para falar com os artistas, para os conhecer, para perguntar como é que eles fazem”, enfatizou o dramaturgo.
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