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Foto do escritorJoana Miguel Meneses

Entre o som do linóleo e da respiração

O belga Cassiel Gaube chegou a Guimarães para apresentar um estudo. E, como num estudo, o público é convidado a ler o texto. Neste caso, é convidado a ver, em silêncio, o que em cima do palco se passa.


© Cláudia Crespo

Em palco, três bailarinos. Cassiel Gaube trouxe consigo Alesya Dobysh e Waithera Schreyeck. Têm consigo airphones. Ao longo de mais de 30 minutos, apenas eles ouvem música. E dançam. O público ouve o som do linóleo e o som da respiração. Ouve o som a ranger e os artistas a beberem água. Ouve, às vezes, o próprio público que parece começar a ficar desconfortável com o silêncio.


Não estamos a ouvir para além da música. Nem a ouvir sem música. Podemos ouvir com os olhos? Misturamos sentidos?

Com base no house, surge este estudo. E somos avisados. Cassiel Gaube dá início ao espetáculo, de microfone na mão: “desliguem os bluetooth para não estragarem o espetáculo”. O hip hop, o sapateado, a capoeira ou a salsa. Vários são os movimentos que vamos reconhecendo ao longo dos 45 minutos de “Soirée d’études”.


Um footwork que nos cansa também a nós. Perdemos o fôlego em conjunto. Seguimos as linhas que fazem e os movimentos mais ao menos circulares. Entramos e saímos de palco. Fazemos a pausa para a água também. Sincronizamos com as duas bailarinas, na lateral do palco. Em passos conjuntos. Em passos dados em várias direções.


A felicidade dos três bailarinos é notória. Não só no final. Mas ao longo de todo o espetáculo. E há pouco que seja melhor do que isso. Ser-se feliz e fazer-se aquilo que se gosta.


A música surge a sete minutos do fim. E pouco ou nada acrescenta à criação final, é certo. Não é, talvez, o final deslumbrante que esperávamos, mas é o final feliz de Cassiel Gaube.


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