Mally tem nove anos. É uma das cadelas do Grupo Operacional Cinotécnico da PSP. Mally é uma cadela e uma superheroína.
No Dia Internacional da Proteção Civil, o departamento de Geografia do Instituto de Ciências Sociais teve a oportunidade de conhecer Mally. Alguns alunos tiveram o privilégio de ser salvos pelo animal numa simulação de busca e resgate no campus de Azurém da Universidade do Minho (UMinho).
“Não estando nós numa área de elevado risco sísmico, não estamos, de maneira nehuma, livres disso”. Quem o diz é António Bento Gonçalves, professor da UMinho, que reforça que, quando há grandes sismos, “pode fazer-se sentir o efeito um bocadinho por todo o país”. Por este motivo, “convém tornar os territórios mais resilientes e as populações com conhecimentos superiores”.
A simulação que se viveu naquela tarde, com o apoio da PSP de Guimarães, teve como objetivo “consolidar e complementar” aquilo que alunos aprendem ao longo da licenciatura em Proteção Civil e Gestão do Território. Vítor Vasconcelos, chefe principal do Grupo Operacional Cinotécnico, explicou o que se simulava: um escombro de um pequeno terramoto onde há vítimas ocultadas.
Foi quando Mally entrou em ação com o seu treinador. A polícia chega ao local, seleciona-o e direciona os cães para lá para procurarem odor humano. Foi exatamente assim que Mally descobriu uma aluna entre os escombros. Detetou, aliás, o seu odor pelo local por onde a jovem tinha entrado no cenário.
Neste caso, a intervenção fez-se apenas com recurso a um animal. Porém, normalmente, são utilizados dois.
Posteriormente, os desafios foram outros: busca e salvamento com uma vítima à vista, semioculta e oculta no mato. A terminar, um estudante foi vítima oculta no rio. Mally teve sempre as recompensas que merecia. O brinquedo e os mimos. Até porque, como explicou Vítor Vasconcelos, é muito importante que haja contacto com a vítima e algum tempo para brincarem.
A população está preparada para um sismo?
António Bento Gonçalves fez questão de frisar que a pergunta que devemos fazer é “quando houver um sismo e não se houver um sismo”. Não podemos responder quando é que vai acontecer, mas podemos, dia após dia, melhorar os nossos comportamentos e, da parte da UMinho, estão a “tentar contribuir” para isso.
O problema é que “há várias populações” e, por isso, “há realidades diferentes, com níveis de conhecimento diferentes”. Contudo, não tem dúvidas nem hesita quando afirma que “as instituições estão preparadas”. O que acredita que falta é a “educação para o risco”. “Temos técnicos excelentes e está tudo muito bem planeado”, diz.
Os relatórios indicam que, nas primeiras 72 horas após um sismo, “são as pessoas que estão ao nosso lado que nos socorrem”. Mas que preparação temos nós, cidadão comum, para esse socorro? Que ações devemos ou não ter para nos proteger? Como está a nossa cultura de autoproteção? “Tenho a certeza que ainda há muito caminho para fazer”, responde o professor.
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