A Câmara Municipal de Guimarães assinou esta terça-feira, a propósito do Torneio de Retórica, um protocolo de formalização da iniciativa entre as Escolas Secundárias Santos Simões, Francisco de Holanda, Caldas das Taipas e Martins Sarmento e a ASMAV.
Francisco Teixeira, presidente da ASMAV, começou por agradecer aos alunos que participaram no Torneio de Retórica e lembrou que ocorreu “algo relativamente inesperado” na edição que terminou em 2022. “De facto, as turmas – e a certa altura as escolas -, envolveram-se verdadeiramente neste torneio como se fosse algo que lhes dissesse profundamente respeito, independentemente de serem eles ou não os protagonistas”, recordou.
A verdade é que existem muitos projetos nas escolas, mas, a maior parte das vezes, os alunos estão “abstraídos”. Aqui, o que se sentiu, acredita Francisco Teixeira, foi que, “nas quatro escolas, houve o empenhamento dos alunos”. Além disso, “a alegria com que os jovens estiveram envolvidos” foi algo que destacou.
“Sabemos que isto depende de haver quem puxe pela relevância dos projetos”, referiu agradecendo aos professores que muitas vezes se sentem “incomodados pelo facto de haver projetos que alteram as suas rotinas”. No Torneio de Retórica, realça os diretores que “ajudaram e envolveram-se”, algo que “acabou por ser importante para romper barreiras democráticas de hábitos estabelecidos dos professores”.
Adelina Pinto, vereadora da Educação, mostrou sentir “um orgulho imenso por estar num concelho que consegue ouvir o outro e calçar os sapatos do outro”. “Não há preto e branco, o mundo é tão colorido e temos de aprender a ver as cores e a respeitar as cores que os outros estão a ver”, referiu como aprendizagem deste projeto.
Com o Torneiro de Retórica, crê, está a ser feito “um trabalho sério de formação com estes jovens que serão jovens adultos muito rapidamente. Estamos a fazer deles melhores pessoas, porque têm competências sociais e pessoais que vão fazer deles melhores pessoas e prepará-los melhor para o que Guimarães, Portugal e o mundo precisa neste início de século e, principlamente, dar-lhes competências que lhes permitam outros sucessos, outras formas de ver o mundo e sair dos seus meios”.
Para o presidente da ASMAV, “esta ideia e esta prática tem um enorme impacto psicológico e cívico” na vida dos estudantes. “O que estes jovens fizeram – exporem-se perante centenas de colegas, debaterem e defenderem opiniões que nem sequer eram as suas – não é brincadeira. Isto não foi fácil e foi, sobretudo, um exemplo e amostra do que devem ser as atitudes democráticas. A democracia exige força, determinação, mas também abertura aos argumentos do outros”, frisou.
Presentes na assinatura estiveram também alunos das quatro escolas secundárias do concelho. Bruno Baião, em representação da Francisco de Holanda, realçou “as aprendizagens e conhecimentos” obtidos. “Não debatemos temas relativos às metas curriculares, mas sim temas diversos sobre a própria cultura geral, temas atuais, de extrema importância e que afetam toda a sociedade”, destacou falando ainda dos “debates que permitiram adquirir novas competências quer ao nível do improviso, da apresentação e da própria retórica” e do “enriquecimento pessoal quer pelos novos conhecimentos, quer pelas relações interpessoais”.
“Tivemos uma comunidade escolar toda do nosso lado”, recordou o adolescente. “Sentimos toda a escola a apoiar-nos e, por isso, hoje, se calhar, olhamos para este projeto e podemos afirmar que foi, a nível escolar, dos projetos que vamos para sempre recordar”, terminou.
Edna Leitão, da escola secundária das Taipas, viu o Torneio de Retórica como “uma oportunidade” que permitiu “trabalhar muito as competências, especialmente de trabalho de equipa”. “Sabemos que o pensamento vai evoluindo à medida que nós estudamos e sabemos que a verdadeira maneira de o evoluirmos não é dentro de uma sala de aula, a repetir os mesmos processos burocráticos que já existem desde que os nossos professores eram alunos, com as mesmas matérias que os programas estão cansados de repetir, mas sim a falar de coisas da vida real”, frisou.
“Somos jovens, somos a sociedade do futuro e, numa altura em que somos bombardeados com tantas informações, é mais importante que nunca ensinar aos nossos jovens desde tenra idade a lutar pelas suas opiniões, respeitando as dos outros”, terminou.
Da escola secundária Martins Sarmento, Catarina Mesquita, confessou que a sua equipa ficou “reticente” quanto surgiu esta oportunidade. Era “uma coisa nova” e algo a que não estavam habituados a ter na escola. Contudo, “foi uma experiência que trouxe muitas competências práticas” e o facto de terem de “formular uma opinião crítica, rigorosa e saber defendê-la é algo extremamente importante na vida adulta”.
Catarina destaca ainda o facto de este evento trazer ensinamentos não só aos participantes, mas ao público em geral. “Esteve toda a gente envolvida no torneiro, tanto nós, que debatemos, como o público a ver e a aprender ao ver-nos”, explicou.
Já Fernando Novais, da escola secundária Santos Simões, acredita que o Torneio de Retórica foi “especialmente importante porque não se relaciona só com a área da Filosofia”. Sendo aluno do curso de Ciências e Tecnologias, explica que teve que estudar assuntos de outras áreas como Economia, Geografia ou História para preparar os debates. Por isso, “foi uma experiência bastante boa e que deve ser repetida daqui para a frente”.
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