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Foto do escritorJoana Miguel Meneses

Que ideias tem a AAUMinho para 2023?

A Mais Guimarães foi à renovada sede da Associação Académica da Universidade do Minho, em Azurém, e esteve à conversa com a atual presidente da direção, Margarida Isaías, que tomou posse no início deste ano. Estudante do 6.º ano do Mestrado Integrado em Medicina e presidente adjunta interna da Associação Académica da Universidade do Minho (AAUMinho) na anterior direção, é a nova presidente da mesma para o ano de 2023.


© Cláudia Crespo

Começava por te perguntar que questões tinha a menina de cabelos curtos, loiros e encaracolados...

Eu tinha muitas questões. Fui crescendo e acho que, como é natural e vai acontecendo com cada um de nós, vamos questionando o que é que é o mundo e o que é que as coisas que nós vemos à nossa volta significam, o que é que são… Acho que é isso também que é um bocadinho a nossa passagem pela universidade. É na universidade que realmente essas perguntas começam a ter uma resposta e é na universidade que essas respostas são tão complexas e se tornam tão interessantes. Foi por aí que comecei, de facto, o meu discurso da tomada de posse e foi isso que me trouxe onde estou hoje.


Foi fácil tomar esta decisão sendo tu aluna de medicina?

Não. Não foi nada uma decisão fácil. Mas… não foi fácil, mas foi fácil. Antigamente muitos dos dirigentes não conseguiam, não faziam curso ou deixavam algumas cadeiras por fazer. Hoje em dia já não é o caso. Hoje em dia é apenas o presidente que, de facto, não consegue mesmo. É uma agenda muito preenchida, há muitas reuniões, muitas coisas para planear, uma equipa enorme para gerir. Eu sabia que aceitar este desafio significava, este ano, fazer uma pausa. Mas acho que é uma pausa que é isso mesmo – é uma pausa, é uma experiência, é um desafio que é único e é uma oportunidade que é única e medicina também terei tempo para exercer. Acho que é uma pausa que me vai ensinar muito, mesmo em termos de medicina, mesmo para o meu futuro.


Na tomada de posse disseste que quando eras mais nova só havia espaço para as meninas no basquete e no ballet. Pergunto-te precisamente sobre uma das coisas que mais marcou esta eleição para associação académica. Acreditas que já não devia ser notícia o facto de seres a segunda mulher presidente?

Sim, é o que tenho vindo a responder. É claro que é positivo e vejo mesmo com bons olhos as notícias de “há 41 anos que não era uma mulher presidente”, mas, por um lado, também criar aquele sentimento de não devia ser isto que seria notícia. Devia ser o meu trabalho ou como cheguei aqui e o que eu quero fazer. Mas claro que acho que é um feito que é importante e histórico e espero estar ao nível desse feito histórico. Acho que é de facto natural que isso tenha acontecido. Já vemos muitas mulheres em cargos de elevada posição, tanto na universidade – agora temos uma administradora nos serviços de ação social -, como nos próprios núcleos, secções, delegações, grupos culturais… É natural que a associação académica acompanhe essa tendência e acho que é algo que é positivo, sem dúvida.

Até porque as listas tinham as duas mulheres para presidente. Era um sim ou sim… Pegando em palavras tuas, “os jovens são menos interessados e pouco participativos na sociedade” ou “reinventam a participação tradicional”?

Acho que os jovens reinventam a participação tradicional. Acho que eu, todos os dirigentes que estão comigo, os colaboradores, os estudantes que também querem fazer parte e ajudar somos a prova disso. Ouvimos muito dizer “porque os jovens isto, os jovens aquilo, os jovens não se interessam”, mas os jovens interessam-se. Ainda hoje o Conselho Nacional da Juventude veio dizer que 90% dos jovens já votou. Isto é um número muito muito muito grande e é um número que é muito positivo. Vem, se calhar, contrariar este mito que existe de que os jovens não participam. Os jovens participam, os jovens estão interessados, mas fazem-no, se calhar, de uma outra forma e precisam também que a política e que os decisores políticos cheguem a eles e percebam como é que podem chegar a eles.


Em relação à taxa de de abstenção na Universidade do Minho, o que é que podia ser mudado?

Este ano os resultados foram bastante positivos, ganhamos com mais de 80%, mas, de facto, a abstenção foi a vencedora, como se costuma dizer. Acho que há vários fatores que podem contribuir para isto, em especial na Universidade do Minho. Mas também acho que é um trabalho que não deve ser só feito na altura da campanha, é um trabalho que deve ser feito durante todo o ano e esta direção vai fazer esse trabalho. Lançamos há pouco tempo a rubrica “AAUMinho Presente”, e é essa a nossa vontade de chegar mais aos estudantes, estarmos presentes nos estudantes. É uma rubrica que vai contar com alguns artigos de opinião, alguns artigos explicativos sobre o que é que é a atividade da associação académica – aquela que, às vezes, está mais no background -, explicar de forma simples, rápida e informal o que é que é que aquilo significa para a associação, para a universidade, para o próprio estudante… Vai contar com algumas sessões de auscultação dos mais variados temas, com alguma presença também física no campis a falar com os estudantes para perceber o que é que precisam, o que é que nós podemos oferecer, como é que podemos ajudar… Temos já planeado algumas formas diferentes de chegar aos estudantes e esperemos que isso também seja positivo depois na altura das eleições.


Até porque vocês dizem mesmo que querem ser os “promotores da participação associativa, cívica e política não só da UMinho, mas também da região e do próprio país”.

Exatamente. Posso falar um bocadinho sobre uma outra coisa que saiu há pouco tempo, um comunicado do “Académicas.”. O “Académicas.” é um movimento que uniu as diferentes associações académicas do país no sentido de trabalharmos em conjunto temas como a descentralização – o Porto e Lisboa estão sempre no centro da discussão, no centro da decisão e é importante levar isto para o resto do país. Este último comunicado foi sobre um tema um bocadinho diferente, mas foi um tema que é nacional, importantíssimo para todas as universidades, e mostra também a nossa posição no contexto nacional.


Aí também presente a ligação da Associação Académica da Universidade do Minho com outras associações. Há algum trabalho que seja feito em conjunto?

Existe e acho mesmo que é essencial. Nós colaboramos várias vezes durante o ano. Este movimento “Académicas.” está a delinear um plano anual de atividades, de eventos, e de como é que nós conseguimos fazer chegar as nossas reivindicações aos líderes políticos, à tutela, ao Ministério… E nós temos vindo a fazer esse trabalho que é de extrema importância.Também temos tentado colaborar noutras coisas, em atividades e eventos que nós partilhamos e conseguimos também que haja uma partilha de experiências, uma partilha de realidade que permite sempre melhorar.


Nesse sentido também, e se calhar falando um bocadinho mais até dos estudantes deslocados, a questão das residências. Em Guimarães teremos mais uma residência, a residência de Santa Luzia.

É também uma das coisas que estão a surgir que são bastante bastante positivas. Finalmente teremos um aumento no número de camas, mas também é importante percebermos as condições que atualmente têm as residências atuais. A questão da elevada inflação preocupa-nos. Vão aumentar os estudantes que vão necessitar de bolsas, preocupa-nos que vão aumentar os estudantes que não são bolseiros, mas que, de facto, precisam de uma opção mais em conta. Se o número de camas vai ser suficiente? Não sabemos. O tempo nos dirá, mas por muito que seja positivo, e é, temos também que olhar para o geral e perceber que, se calhar, vai aumentar o número de estudantes e essas camas não vão ser suficientes. Mais do que isso, é importante também garantir que as camas que temos têm as condições necessárias para que os estudantes lá estejam. Portanto, é importante fazermos este plano de reabilitação também das residências que já existem.


E relativamente ao transporte entre Braga e Guimarães que também vocês asseguram, de alguma forma?

Este é um transporte que é para nós muito difícil, é um serviço muito difícil de comportar para a associação académica e com esta inflação, o aumento dos preços dos combustíveis desde a altura da pandemia, tem sido ainda mais difícil. Tivemos que fazer um ligeiro aumento de preços e mesmo assim não ajudou muito à manutenção deste serviço. Mas é um serviço que é para manter. Tem as suas falhas, todos ouvimos algumas queixas de não haver cadeiras suficientes, não haver transportes para todos todos os estudantes – às vezes alguns ficam de fora -, se calhar podia passar em mais zonas… É uma gestão que é muito complicada, mas é uma gestão que temos vindo a fazer e tentar sempre ajustar ao horário dos diferentes cursos, das diferentes necessidades, dos diferentes exames…

Depois também há outras questões a nível de transportes que têm vindo a ser melhoradas muito também por um trabalho de reivindicação por parte da associação académica. Os transportes aqui de Guimarães já são gratuitos para todos estudantes da Universidade do Minho, que é algo que é bastante positivo. Em Braga também está a caminhar para isso.


Relativamente à marca StarPoint e também à Recurso by AAUMinho. São duas coisas que esperam consolidar ao longo deste ano?

Exatamente. A marca Recurso é a nossa marca de aproximar mais os estudantes à associação académica. Às vezes, enquanto associação académica temos que passar um bocadinho uma imagem mais institucional, mas procuramos com o Recurso – e conseguem ver muita essa diferença nas nossas redes sociais – tentar fazer uma coisa mais informal e mais tranquila mostrando todos os nossos parceiros, todas as vantagens de ser sócio da associação académica, facilitando o serviço de transportes, tudo de forma digital…

A marca StarPoint mais no sentido da emancipação jovem, do emprego, do empreendedorismo, a complementar, se calhar, às vezes, uma coisa que falta nas universidades, que é esta parte do desenvolvimento de carreiras.


E falando um bocadinho da parte do voluntariado e aproximar a academia à comunidade, de que forma é que isso vai ser implementado em Guimarães?

Já tínhamos o objetivo de trazer o “UM futuro” para Guimarães. O trabalho foi feito, só não foi executado. Este ano, abrimos um espaço em Braga e esperamos, com a abertura deste espaço e com a consolidação do trabalho que vai ali surgir, conseguir focar-nos também em Guimarães e trazer o “UM futuro” para Guimarães. Temos agora este espaço da nova sede também bom para acolher alguns jovens não só no “UM futuro”, mas também no “UM sumário”. Vamos perceber como é que podemos trazer o voluntariado a Guimarães.


A AAUMinho quer uma academia mais inclusiva, quer promover a saúde mental e pôr a sociedade a falar de assédio. Acreditas que os jovens estão hoje mais informados e mais atentos a alguns problemas da sociedade?

Sem dúvida nenhuma. Temos visto bastantes movimentos sobre estas questões mais da sociedade, a saúde mental, o assédio, entre outras. Vemos muito até através daquelas formas de participação não tradicional. Todos os dias vemos nas redes sociais alguns jovens que não fazem parte, se calhar, de nenhum partido nem de nenhum movimento específico, mas que sentem que também é seu dever falar sobre estes assuntos. A saúde mental e o assédio são dois temas – o assédio mais específico da Universidade do Minho com todo o contexto que veio de alguns anos e com agora o desenvolvimento do plano de estratégia para prevenção do assédio é um ponto fundamental. Finalmente este ano será executado. A associação académica também tem um papel fundamental no que diz respeito aos estudantes e nós queremos ser participantes ativos nessa questão.


A academia minhota tem uma presença muito forte no desporto. É algo em que é para continuar a apostar?

Claro que sim. Somos uma das melhores academias a nível nacional no desporto. Estas nossas, que falámos há bocado, colaborações entre as diferentes associações académicas e federações demonstram, de facto, isso. Entre as associações académicas nós somos bastante reconhecidos, o trabalho tem vindo a ser claro. Esperamos e é nosso objetivo manter isso. Claro que agora com estas questões do financiamento torna-se cada vez mais difícil. Mas somos de facto um exemplo, temos visto outras académicas que estão a seguir o nosso exemplo, estão a seguir os nossos passos. Mas, para nós também continuarmos a evoluir e continuarmos a ser os melhores, continuarmos em primeiro lugar, precisamos de financiamento.


Sentem o apoio quer da comunidade vimaranense quer da Câmara Municipal?

Temos vindo a trabalhar tanto com a Câmara Municipal de Braga como a de Guimarães. Este ano o europeu era para ser até em Guimarães, mas infelizmente não foi possível muito pelas condições também de alojamento que temos aqui nas residências. O nosso objetivo é sempre um evento internacional em Braga e um em Guimarães e estamos já a pensar em candidatarmo-nos a próximos eventos internacionais que sabemos que são possíveis de fazer aqui independentemente das condições de alojamento.


Estamos aqui na casa da Tuna Afonsina e da Tun’Obebes e, por isso, perguntava-te sobre tradições e cultura. Além do tradicional Enterro da Gata, da Gata na Praia ou da Receção ao Caloiro, há alguma novidade este ano?

Aqui específico em Guimarães nós queremos mudar um bocadinho o Sarau Cultural, aquele evento que fazemos no início do ano letivo mais para os novos estudantes, mas também para todos os estudantes da academia. Queremos criar um evento um bocadinho maior, com um bocadinho mais de impacto e queremos que esse evento seja, de facto, aqui em Guimarães. Não posso, para já, adiantar mais nada, mas queremos mudar esse Sarau Cultural e será também um desafio.


De que forma é que se querem ligar mais aos vimaranenses?

Todos estes eventos e todas as atividades que acontecem aqui na cidade de Guimarães também são um bocadinho para a cidade. Queremos ligar-nos aos vimaranenses, que eles saibam quem é que nós somos, o que é que fazemos, e que nós também possamos ter um impacto neles. Enquanto estudantes da Universidade do Minho temos um impacto enorme na cidade de Guimarães e queremos mostrar que, de facto, somos bons para a cidade e que a cidade também é boa para nós.


Que mensagem deixavas aos estudantes da Universidade do Minho e aos estudantes do ensino secundário que podem ou não ingressar na Universidade do Minho?

Eu acho que tenho uma mensagem para os dois. Participem, estejam atentos e envolvam-se. Vejam o mundo à vossa volta, é enorme. As respostas às vossas perguntas são enormes, são complexas, mas valem a pena explorar. A Universidade do Minho, e a universidade em geral, é uma fonte dessa participação portanto apareçam, participem. Valerá a pena, sem dúvida. Para os estudantes do ensino secundário, a universidade é isto mesmo, venham e participem, envolvam-se em tudo o que há. Vão conhecer não só mais sobre o mundo, mas vão conhecer também muitas pessoas diferentes, de diferentes áreas, diferentes cursos, às vezes diferentes nacionalidades, diferentes partes do país que vão enriquecer-vos muito muito. Acho que é isso que é a passagem pelo ensino superior.


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