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Foto do escritorJoana Miguel Meneses

What Lies Ahead: “Há espaço para tudo e todos”

Nascidos entre Guimarães e Vizela, começaram, no mundo da música, em 2015. É em 2021 que querem alcançar novos palcos e já lançaram o primeiro EP, Paradigm, em março.


Tiago é guitarrista e vocalista e conheceu o parceiro da guitarra, Gustavo, num concerto. Curiosamente, numa das bandas referência para os artistas, Our Last Night. Começaram a ensaiar apenas os dois, com João, baterista. Apesar de, como brincam, os baixistas serem “uma raça em vias de extinção”, encontraram Rafael. Juntaram-se por diversão, “mas já havia um sonho” para cumprir.


© João Bastos

Vocês juntam-se em 2015, mas só em 2021 é que sai o primeiro EP. O que é que andaram a fazer nestes seis anos?

Rafael (R). Eu não entrei no início, mas nós estivemos a ensaiar, a criar as nossas músicas, e só recentemente, há cerca de um ano ou dois, é que decidimos gravar mesmo algumas. Decidimos fazer um EP. Tivemos que deixar algumas músicas de parte, mas desde o início que estivemos em criação.


Gustavo (G). Isso é a pergunta de um milhão de euros. Nós conhecemo-nos através da banda, não tínhamos muita confiança uns com outros. Passou muito pelo processo de nos conhecermos a nível pessoal, saber o que queríamos. Demorou o tempo necessário.


Como é que surge a ideia para Paradigm?

João (J). Estávamos a trabalhar em músicas e todas as bandas têm um EP inicial, o ponto de partida para conseguir chegar a patamares mais superiores. Juntamos algumas músicas que nos faziam sentido e nos pareciam que faziam uma história, completando-se umas às outras.


G. Em vez de pegarmos num conceito muito específico, fomos fazendo músicas com vários conceitos que queríamos abordar e, assim, conseguimos ser mais diversificados.


High Walls, Fake Wounds, Nourish, Graves, The Great Reveal. Qual é o conceito deste EP?

G. Desde assuntos pessoais, até conceitos mais religiosos ou ambientais. As nossas letras não são muito diretas, usamos sempre metáforas e tentamos escrever as músicas de maneira a que as pessoas possam interpretar de várias formas.


Quem escreve as músicas e as letras?

J. O Tiago, master das melodias, começa as ideias e, a partir daí, começamos a descobrir até chegarmos à letra.


R. Sim, o Tiago é o mais proativo. Depois nós acabamos por dar as nossas ideias, ver o que pode ser melhorado, o que falta… Mas nunca sai à primeira, fazemos várias revisões. Às vezes aquilo que parece bem num dia, no dia seguinte mudamos.


G. Normalmente começamos com guitarras e algumas melodias de vozes, tentamos sempre ser bastante melódicos. É uma forma de cativar o público e tentar arrancar alguma emoção nas pessoas que ouvem as nossas músicas. Principalmente a letra, é muito difícil de se fazer.


Fake Wounds, um “retrato da sociedade que vivemos, marcada pela existência de padrões”. Vocês tocam metal. Há duas coisas muito curiosas. A primeira tem precisamente a ver com os temas que vocês abordam que, à partida, a sociedade não vai associar a uma banda de metal. Em que é que vocês se inspiram para escrever?

G. Há sempre um ponto de partida, uma palavra, uma melodia, uma ideia, um texto, uma série que vemos, alguma situação… Não queremos dar demasiada a nossa opinião, para também não condicionar o público.


R. É muito engraçado quando fazemos a letra com um propósito para nós e outra pessoa ouve a letra e interpreta a letra e a música de forma diferente.


A segunda coisa muito curiosa é precisamente o estilo musical que vocês tocam. Não é um estilo que agrade assim a tanta gente…

G. Tentamos ter isso como vantagem. É mais difícil compararmo-nos, mas queremos inspirar outros artistas, que se identifiquem, a fazer também. É assim que as coisas resultam. Quanto mais hype houver, mais artistas vão fazer parecido, com o seu próprio estilo.


R. Já ouvimos música desde pequenos, sabemos como é. Há estilos mais populares que outros. É um estilo muito ouvido no mundo, mas em Portugal nem tanto. Uma coisa que me acontece, quando digo às pessoas que tenho uma banda de metal, associam a algo muito pesado. O metal tem muitas vertentes e o nosso não é assim. As pessoas depois acabam por ouvir e dizem que gostam, que pensavam que era de uma forma e afinal não é. Temos noção de onde estamos e temos muita preocupação no tipo de música que fazemos.


J. Somos uma banda que tem muitas influências e isso nota-se na nossa música, temos tudo. Para o público fora do metal, é isso que faz com que gostem. Mesmo uma pessoa que goste de pop identifica-se com a voz do Tiago. Essa ideia de o metal ser só pesado é uma ideia antiga. Há espaço para tudo e todos.


Sentem que Portugal, e Guimarães, está preparado para vos dar palco?

R. Acho que, em termos de visibilidade, somos capazes de ter. Nesta região ouve-se muito rock. Apesar de sermos uma banda de metal, não é muito complicado.


J. Acho que o mercado é mais lá fora. O mal da cultura em Portugal é que vem das modas de lá de fora. Em Portugal temos pouco mercado, mas está a chegar cá. Temos poucos sítios para tocar, há poucas salas que apoiem um projeto com tanto trabalho, pelo menos de casa, como o nosso.


Os vossos números traduzem isso?

J. Por agora sim, confirma isso. O público de fora ouve mais do que o português. Em Portugal ainda não se dá assim tanto apoio aos artistas portugueses. Se fossemos ingleses, se calhar mais gente ouvia.


É possível fazer-se música para o mundo a partir de uma cidade tão pequena?

J. Sim, e a internet vem facilitar. Começar numa cidade grande não quer dizer que comeces melhor, eles começam na mesma numa garagem. O caminho é o mesmo.


Tiago (T). Vemos bandas que gostamos e nos inspiramos a vir de todo o mundo. O vocalista dos Twenty One Pilots, quando ganhou um prémio, disse “anyone, from anywhere, can do anything” [qualquer pessoa, de qualquer lado, pode fazer qualquer coisa]. E é verdade.


As plataformas digitais têm ajudado imenso...

R. Para qualquer banda que esteja a começar é importante estar em todo o lado. Podemos ter a melhor música do mundo – não estou a dizer que temos [risos] -, mas nunca vamos saber se não a divulgarmos como deve ser. O nosso interesse, neste momento, é tentar alcançar o máximo número de pessoas. Hoje em dia é mais fácil divulgar, mas há muita gente a fazê-lo.


T. As plataformas têm um papel fundamental na indústria musical. Conseguimos ter acesso a qualquer artista, de qualquer estilo, de qualquer parte do mundo.


Vocês quando se juntaram, foi com que objetivo?

G. Éramos mais novos, foi diversão, mas havia o sonho.


J. Não tinha pensado em lançar um CD, era “vamos conhecer-nos e ver o que isto dá”. Parece que correu bem.


T. Até porque isto começou num concerto de uma das nossas bandas preferidas. Minto se disser que não pensei “um dia gostava de ser eu aqui”.


O metal já era a vossa cena individual?

J. Não posso dizer que o metal é o que mais gosto. Se ouvirmos as nossas playlists e o que ouvimos no carro, ouvimos Ariana Grande [risos], por isso é tudo. Foi o que nos sentimos mais confortáveis a tocar e o que achamos que conseguia englobar mais estilos musicais. Não conseguimos tocar pop e meter lá metal, mas conseguimos tocar metal e meter lá pop.


Com que bandas é que se identificam?

T. Às vezes sair um bocadinho da nossa zona de conforto, da nuvem de metal ou rock, faz-nos bem, porque vamos ter ideias e vamos inspirar-nos. É bom termos a mente aberta para ouvirmos tudo. Falo por mim, tenho uma banda de metal e ouço Ariana Grande, e adoro Ariana Grande, Jorja Smith, Dua Lipa.


O que esperam que o futuro vos reserve?

R. Tocar num grande palco, se possível, nacional. Vamos trabalhar para isso, para fazer música cada vez com mais qualidade.

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