A Afonsina, Tuna de Engenharia da Universidade do Minho, que nasceu em março de 1994, realizou a XVI edição do Cidade Berço. Igor Fernandes, magister da Tuna Afonsina, esteve à conversa com o Mais Guimarães, prometeu “duas noites de celebração do espírito académico e tuneril” e a promessa foi cumprida.
Recuamos a 2020 e recordamos que o XV Cidade Berço foi, para muitos, o último espetáculo que fizeram ou viram. Foi na noite de festival, 7 de março de 2020, que a Universidade do Minho suspendeu as aulas em Braga. Apesar do medo, o palco do Centro Cultural Vila Flor encheu-se de música e alegria.
Igor Fernandes vê estes últimos dois anos como “particularmente desafiantes”, ficando o ano de 2021 marcado como o ano em que se viram obrigados a adaptar as atividades e a maneira de viver o espírito Afonsino. Ao mesmo tempo, foi um ano no qual aproveitaram para pensar o XVI Cidade Berço.
A Tuna Afonsina tem habituado o público a excelentes noites de serenatas no largo da Oliveira. Este ano não foi exceção. A animação já percorria as ruas e vielas do centro histórico, mas bastou um pé no palco para se fazer silêncio e se ouvir as serenatas. Muitas dedicatórias “às mais belas donzelas” e a todas as “Marias de Guimarães”. Uma noite que deu sentido à “Noturna”, da tuna Afonsina: “Meu primeiro amor // Nesta noite fria // Cheia de encanto // Ouve a serenata // Deste estudante //Eterno amante // Que tanto te quer”.
Tunadão 1998 regressou a Viseu como a grande vencedora
Ao palco do Grande Auditório Francisca Abreu, no Centro Cultural Vila Flor, subiram quatro tunas a concurso que se juntaram às duas tunas do polo de Azurém da UMinho. Foram elas a Tuna Universitária de Aveiro, a Tuna de Medicina do Porto, a Tunadão 1998, e a Tuna de Medicina da Universidade de Coimbra.
Diogo Fernandes faz parte da Tunadão 1998, a Tuna do Instituto Politécnico de Viseu. Nesta XVI edição do Cidade Berço levaram para a sua cidade cinco prémios: melhor instrumental, melhor original, melhor prestação musical, melhor Tuna e Tuna Mais Tuna. “Isto é muito tempo de trabalho”, confessou ao Mais Guimarães. “São muitos ensaios, muita dedicação, muita chatice também – no sentido saudável”, destacou.
Para o estudante, atuar no Cidade Berço “é um privilégio”. Estão num lugar onde já se sentem em casa e numa cidade que, de acordo com todos os participantes, “sabe tão bem receber”.
Uma plateia cheia foi o resultado do trabalho que tem sido feito pela Afonsina nos últimos anos. Um dos pontos que marcam a diferença desta tuna de Guimarães no panorama tuneril português, “será talvez as variadas influências musicais que vão além do tradicional”, explicou Igor Fernandes ao Mais Guimarães dando o exemplo do instrumental “Ars Moriendi” de Mr. Bungle.
Um outro aspeto, acrescenta, “é o espírito Afonsino que cria uma união incomparável em torno de todos os nossos membros, independente da sua geração, mantendo sempre as Serenatas e Folia”. É, talvez, isso que descrevem quando interpretam “É tão bom”: “é tão bom uma amizade assim, faz tão bem saber com quem contar”.
O “espírito Afonsino” não passa ao lado daqueles que se cruzam com a tuna. A verdade é que, de norte a sul do país, poucas serão as tunas que não continuam o verso “É a Afonsina, a Tuna de Engenharia”.
“É importante sentir esta interligação entre a Academia e a vida de Guimarães”
Para o presidente da escola de Engenharia da Universidade do Minho, Pedro Arezes, “é uma honra” poder contar com uma tuna que “traz identidade à escola” e destacou o facto de a Afonsina ter o nome “no panorama das tunas académicas nacional”.
Do ponto de vista pessoal, Pedro Arezes também fez uma confissão. Contou que esteve presente nas reuniões da fundação da tuna. “Depois os meus atributos musicais impediram-me de continuar”, esclareceu entre risos. O Cidade Berço é, por isso, um momento de grande alegria. “Consegui, inclusive, estar com dois colegas dessa altura”.
“Acho que havia alguma ansiedade depois daquela última edição”, disse o presidente da escola de engenharia recordando que teve que ficar em confinamento logo após ter estado presente no evento, em 2020. Dois anos depois, “viu-se o entusiasmo não só da sala, como também dos elementos da tuna”.
Paulo Lopes Silva, vereador da Cultura, destacou a importância, para Guimarães, de se fazer “sentir a universidade na vida da cidade não só por aquilo que acrescenta em termos de valor, do ponto de vista do conhecimento e da ciência, mas também na vida, no quotidiano, no dia a dia da cidade”. A Afonsina e este festival, acredita, “têm essa caraterística”. “Além de sentirmos isso no dia a dia, com os estudantes e a sua participação cívica, estes são momentos de celebração em que isso se sente com mais intensidade”.
O vereador da Cultura destacou ainda a “casa cheia” lembrando que há já “muitos vimaranenses que fazem disto um dos seus momentos”. “É importante cada vez mais sentir esta interligação entre a Academia e a vida de Guimarães”, concluiu.
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