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Foto do escritorJoana Miguel Meneses

Teatro Jordão e Garagem Avenida, onde nasce a nova geração das artes, entre memória e futuro

A 12 de fevereiro de 2022, o Teatro Jordão e a Garagem Avenida reabriram ligados e com novas funções: como Escola de Artes, Escola de Música, com sala de espetáculos, galeria de exposições e salas de ensaio. Aqui nasce a nova geração das artes, assente num projeto de memória e futuro.


© Joana Meneses

A cerimónia teve início com a apresentação de um excerto do primeiro ato de “A Gaivota”, de Anton Tchékov, por alunos do segundo ano da Licenciatura em Teatro da Universidade do Minho, ao que se seguiram a intervenções protocolares e a atuação dos Jovens Cantores de Guimarães, com a interpretação de “Lullaby” de Daniel Elder e “We are the voices” de Jim Papoulis. Durante esta atuação, foi projetado um pequeno filme que mostrou, em time lapse, o decurso de toda a obra.


Para o Maestro Vítor Matos, presidente da Sociedade Musical de Guimarães, este foi “um dia histórico para Guimarães”, que “representa uma admirável conquista no processo de afirmação de Guimarães enquanto território pioneiro e vanguardista na promoção e fomento de uma cultura do conhecimento centrada no domínio das artes”.


Apesar do “processo difícil, repleto das mais diversas vicissitudes”, o maestro acredita que essas barreiras “nunca abalaram a crença e vontade de tornar possível este dia”. Parabenizou, por isso, a Câmara de Guimarães, “por nunca abdicar da defesa do património coletivo”.


Vítor Matos recuou na história e diz que “todos os cantos e recantos deste edifício entroncam em lugares comuns”. Dando aso à nossa memória, destacou, “somos invadidos por um fervilhar de lembranças, grandes espetáculos, inesquecíveis concertos, a magia das sessões de cinemas, as cativantes quartas-feiras culturais, as intensas tertúlias, o saudosismo de momentos partilhados na cumplicidade com quem já partiu. Tudo aqui é memória. Não de alguém singular, mas sim de todos nós no plural. Um ponto de encontro de uma comunidade”. Por isso, “o Teatro Jordão é bem mais do que uma mera casa de espetáculos, é um autêntico repositório de cultura e identidade comum, um património coletivo que hoje é devolvido aos seus legítimos proprietários, os vimaranenses”.


Do passado, saltou para o futuro e vincou o compromisso da Sociedade Musical de Guimarães. “Por entre estas paredes entrarão crianças e jovens carregados de sonhos e quimeras. São eles o amanhã, serão eles portadores dos valores que orgulhosamente nos trouxeram até aqui. A nossa missão passa pelo engrandecimento do indivíduo através da música e das artes criando melhores pessoas e, por conseguinte, melhores cidadãos”.


Rui Vieira de Castro, reitor da Universidade do Minho, lembrou o “momento de grande alegria para os cidadãos de Guimarães, os órgãos representativos do município e para a universidade”. Uma alegria que diz resultar da conclusão deste processo de reabilitação de “um importante património que agora vai ser revitalizado através da sua associação a projetos culturais, educativos e científicos de grande relevância”.


Esta é, para si, mais uma “afirmação de Guimarães como cidade universitária”. “Esta inauguração tem um enorme significado para a UMinho, porque garante condições de elevada qualidade nas artes visuais e no teatro, permite pensar novos projetos completares de natureza educativa e científica, alicerçar novas possibilidades de interação com outras entidades”, explicou.


Um dia “importante para uma cidade que tem sabido trilhar um caminho de desenvolvimento sustentado, de forma integrada e sistémica, uma cidade que não se deixou cristalizar nas memórias longínquas da sua história”. Foi assim que Domingos Bragança iniciou o seu discurso, lembrando que em Guimarães se transforma “memória em futuro” e é um lugar onde a “tradição e o território se confundem”.


“O futuro que sonhamos em 2012 vê hoje um projeto concretizado que é essencial para a consolidação de Guimarães como cidade produtora e promotora das artes e cultura”, destacou o presidente da Câmara que assume a requalificação do Teatro Jordão e Garagem Avenida como “um marco para o território”.


A cultura, a educação, e a ciência são agora “três pilares que farão de Guimarães uma cidade aberta e cosmopolita, contemporânea e sustentável”. Se “ja éramos um importante centro de consumo cultural, a partir de hoje seremos também conhecidos como território promotor e formador de arte e cultura”, disse.


Domingos Bragança acredita que este quarteirão que é o Bairro C “contaminará a cidade e que por ela se deixará contaminar”, acrescentando “cidade à cidade, descobrimos uma cidade outrora escondida”. A partir daqui, explicou o edil, “descobriremos o túnel que nos levará à Caldeiroa, descobrirmos outros voos, os nossos e os que na engenharia aeroespacial se vierem a concretizar. Mais além, a Escola Hotel dotará a cidade de mais talento, e os fornos de olaria lembrarão que tradição e futuro podem andar de mãos dadas. Olharemos a poente e haverá tanto mais cidade quanto maior for a imaginação que colocarmos no que fazemos, sempre com a superação em mente”.


Se outrora este espaço foi “espaço de encontros, de felizes acontecimentos, de histórias infindáveis para contar, um dos ícones da vida social vimaranense, a partir de hoje, dentro desta casa, não ha razão para que não continuemos a ser felizes. Nesta casa também se escreverá a história feita futuro que alimenta Guimarães”, concluiu.


Já António Cunha, presidente da CCDR-N, destacou a obra “notável na dimensão física, mas também em tudo o que potencia”, por se tratar de um projeto “multidimensional, de educação e investigação em artes visuais, teatro e música, e nas suas várias interseções”.


“Estamos numa casa de criatividade, criatividade que importa potenciar e fruir, que é essencial ao desenvolvimento de indivíduos e de sociedades, que é essencial para a competitividade com a economia, que é essencial pra enfrentar os desafios com que nos deparamos, desde a sustentabilidade ao envelhecimento”, vincou António Cunha.


Este complexo, com tudo o que lhe é envolvente, “será um grande polo de criatividade e cultura, um Bairro C, de criatividade e conhecimento”. É nesse contexto que “esta casa tem que ser uma casa de encontros de criadores, para partilha de ideias e saberes, uma casa de experiências que permitam germinar o génio criador, de experiências imersivas em ambientes culturalmente ricos. Que seja um espaço e uma dinâmica necessariamente aberta aos cidadãos”.

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