Depois de uma noite de dever cumprido e erguido o Pinheiro, os vimaranenses percebem que “já batia uma saudade desgraçada”. A semana de (matar) saudades ainda agora começava. Na madrugada de 2 de dezembro a cidade esteve em sobressalto. De manhã, uma placa roubada proibia andar a mais de 30km/h no Toural. As Roubalheiras passaram pelas casas dos vimaranenses, pelas lojas, pelo Vitória… E quem não se lembra do boi de 2021? Voltou a aparecer e a ele juntou-se uma cabra.
Ao amanhecer, no sábado dia 3, a Comissão de Festas Nicolinas, acompanhada de caixas e bombos, ao som do toque das Novenas, seguiu da Torre dos Almadas para a Capela de Nossa Senhora da Conceição. Já no Mercado Municipal, os estudantes recolheram alimentos que entregaram no lar de Santo António.
A celebrar “Sem Anos” do Vitória, à noite, os velhos nicolinos subiram a palco para uma noite que se fez de risos e gargalhadas.
As Solenidades em Honra de São Nicolau abriram o domingo, um dia preenchido para os Nicolinos. A chuva não permitiu a procissão com de São Nicolau pelo Centro Histórico, mas a cidade pôde ver, finalmente, a nova imagem do santo.
A tradição manteve-se e, com um agradecimento especial a Hélder Rocha, a Comissão de Festas Nicolinas recebeu o Dízimo de Urgezes na junta de freguesia. “Mais de cento e cinquenta voltas / ao calendário, foi o quanto demorou, / quando alguém, tomado pela revolta, / o Velho Dízimo, por fim, restaurou”, ouviram os nove estudantes.
Numa noite que se prometia e se fez fria, pediram pela cidade: “Venha a Posse! Venha a Posse!”. Umas Posses fartas e cheias de entusiasmo, com trotinetes à mistura – no sentido figurado e literal também.
“Ninguém cala a Academia“
A chuva ainda ameaçou, mas aguentou-se durante a tarde para a cidade ouvir o pregoeiro Pedro Rodrigues Barroso. Escrito por Rui Teixeira e Melo, o Pregão foi dedicado a João Neves, Edmundo Campos, João Gomes Alves e António Machado “que pelos seus méritos ganharam um lugar no Panteão Nicolino”.
Esta segunda-feira, muitos foram os estudantes e outros vimaranenses que se juntaram no largo da República do Brasil e ouviram as (duras) críticas a Guimarães, a Portugal e ao mundo.
Depois de “dois anos em suspenso”, os estudantes fizeram silêncio para ouvirem falar da “alta velocidade espavorida”, dos “trinta anos de porta fechada” do Teatro Jordão ou de Silvares, “a nova centralidade”.
Homenagens não faltaram no Pregão da Academia Vimaranense. “Neves, à direita do Santo te vejo / Junto com o Machado e o Edmundo. / Crê que ainda hoje lacrimejo / E lembro teu coração maior que o Mundo. / Com o Gomes Alves eu vos revejo / E só depois de com um pesar profundo / Percebo que me engano e que fraquejo / Pela saudade vossa me confundo.”, ouviu-se.
Foi ainda feita uma referência a “Fernandinha”, quem, ao longo destes três meses, acolhe a Comissão no Cano: “Fernandinha pela cumplicidade / És merecedora de lugar de vulto. / Nos Trovadores tua amizade, / E ao chegarmos tarde, o teu indulto, / Faz-te uma Dona Aninhas na bondade / E por isso neste Pregão te exulto.”
Celebrar o amor, no coração da cidade
Qual dia dos namorados? Na cidade berço, celebra-se o amor em dezembro. Celebra-se o amor de copo cheio, de lança na mão. Oferecem-se maçãs e recebem-se brindes – garrafinhas, rebuçados, bilhetes -. “Amanhã, queres vir comigo ao Baile?”, perguntam os estudantes.
Esta quarta-feira, pela manhã, os estudantes voltaram a sair à rua, como fizeram no passado sábado, para mais uma Novena. À noite, acontece o Baile da Saudade.
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