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Foto do escritorJoana Miguel Meneses

“Entretanto”: Seis meses, seis artistas

Ao longo do primeiro semestre de 2022, na Associação Convívio, um grupo de seis artistas foi convidado a intervir e expor os seus trabalhos, de forma individual, porém continuada e em processos de acumulação, culminando com um momento de apresentação coletivo final. “Entretanto” é um momento de programação de artes plásticas que acontece pela apresentação pública de obras de arte que serão, por um lado, o pretexto para conversas ou performances e, por outro, o culminar de um processo de trabalho em forma de atelier aberto.


© Joana Meneses


“Entretanto” partiu de uma vontade da nova direção do Convívio de ter um programa de artes visuais plásticas continuado, que “conseguisse abrir a casa de uma forma mais regular”. Quem o diz é Carlos Fraga que explicou que “o mote foi sempre o de casa aberta e como é que conseguimos apropriar-nos desta casa e, ao longo de seis meses, fazer uma atividade interessante que não seja exclusivamente colocar um artista em exposição, retirar e voltar a colocar”.


Com curadoria de Pedro Silva, que assume que “foi difícil, porque o Convívio não é propriamente um espaço de exposições, tal como um museu ou uma galeria”, o projeto terá ainda mais um momento de apresentação, com Gonçalo Pena em data ainda a anunciar.


Contudo, garante que foi também “aliciante” poder estar presente neste projeto que teve, entre outras intenções, a de “encontrar um conjunto de artistas que tivesse uma ligação com o território mas não só”. Catarina Braga, Pedro Bastos e Patrícia Marinho “são artistas que trabalham muito no território”, enquanto que Gonçalo Pena, António Gonçalves e Engrácia Cardoso “já são artistas que têm uma ligação afetiva à cidade, mas têm uma projeção para outros lados”, explicou adiantando que “procurou criar um equilíbrio entre artistas mais emergentes e artistas com mais currículo”.


O projeto termina com um momento de apresentação coletiva final, criando uma ideia de acumulação. “O Convívio acumula uma série de memórias, vivências, objetos, e eventos culturais. Daí ir acumulando estes artistas nestes seis meses. Cada artista visitou o espaço e pensou um trabalho para este mesmo local, tendo em conta todas essas memórias e esse acumular. Quando fazemos uma exposição coletiva subentende-se que há uma afinidade entre todos os artistas ou as obras escolhidas, mas neste caso não há. Quisemos trabalhar nesse inesperado e nessa surpresa”, avançou Pedro Silva.


O primeiro momento, de Engrácia Cardoso, podia ser um pouco mais difícil, ou mais fácil, porque o espaço estava ainda nu. Os artistas que se seguiram já trabalharam com algo exposto. Porém,o curador ressalta que não tem de haver uma relação entre as peças expostas. Para Pedro Silva, esta forma de pensar “sai um pouco dos cânones habituais de uma curadoria de um museu. É algo que os artistas gostam, tirá-los um pouco desse espaço institucional ou não e desafiá-los a confrontarem-se a si próprios com um novo formato, ou uma parede que não está limpa”, explicou.


Como é que os nossos corpos se comportam num lugar que não foi feito para nós?


Catarina Braga é a quinta artista a apresentar um trabalho seu no Convívio e trouxe consigo a instalação Growth Room, uma instalação-experiência provocada por um controlo de tecnologias, temperaturas e condições climáticas, onde é possível experimentar um clima idealizado propício à aceleração do crescimento de plantas.


Na China, numa exposição coletiva, fez uma instalação com as luzes de crescimento que encerravam um corredor. Criava um local de passagem entre salas. “Acho que agora é que a instalação está no seu estado final, porque aquele sítio é o ideal”, confessou à Mais Guimarães.


A instalação está num dos lugares mais altos e mais quentes do edifício. “Essa condição de temperatura é muito importante para o que estou a apresentar”, disse explicando que utilizou como referência “as estufas e salas onde existem fábricas de horticultura vertical onde usam luzes de crescimento”.


Além das luzes e do tecido que reveste as paredes, a terra, que iria receber plantas, também está presente. O único elemento que falta ali é mesmo a água. “Neste caso, é um espaço não para crescimento de plantas mas sim para perceber como é que os nossos corpos se comportam num lugar que não foi feito para nós”, adiantou. É esse contraste entre o natural e o artificial que a artista acredita ser “fascinante” e que tem servido de impulso nas suas criações.


Catarina Braga está “curiosa para perceber a reação das pessoas, quanto tempo ficam e o que é que sentem”. No seu trabalho tem tentado “não pensar tanto numa arte que é objetual, mas sim de experiência e questionando o que é isto de construir condições para receber qualquer coisa”.


“A peça completa-se quando as pessoas entram lá”, terminou.



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