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Foto do escritorJoana Miguel Meneses

Da psicologia para o CERN

Mariana Dantas acabou a formação em Psicologia, na Universidade do Minho e embarcou para a Suíça. Na verdade, foi à fronteira com a França que chegou. Mora do lado dos franceses, mas é na Suíça que trabalha, no CERN.


© Direitos Reservados

O CERN, Centro Europeu de Investigação Nuclear, atualmente Laboratório Europeu de Física de Partículas, tem um acelerador de partículas – um túnel circular de 27 quilómetros, a 100 metros de profundidade, que atravessa a fronteira franco-suíça. Ali, são geradas colisões de protões e iões pesados a altas energias de modo a que seja possível "estudar e investigar para se compreender melhor a composição do Universo", explica Mariana.


A oportunidade de ir para o CERN surgiu durante o ano de pausa que decidiu fazer após o Mestrado em Psicologia. Começou a interessar-se pela área da Comunicação de Ciência, a desenvolver portfólio na área. "Após algum tempo a pensar", recorda, decidiu "procurar oportunidades fora".


Sempre quis sair de Portugal e aquele parecia o momento ideal. Encontrou as oportunidades que o CERN tinha para estudantes e recém graduados e não pensou, candidatou-se "logo".


Chegou à Suíça e a adaptação "foi bastante fácil", garante. Diz "que não podia ter sido melhor" e que, aquilo que sempre lhe causou "bastante estranheza em Portugal", deixou de ser uma preocupação. Não percebe a "necessidade dos títulos, do doutor antes do nome e da hierarquia que coloca os alunos lá em baixo e os docentes noutro patamar".


Trabalha num ambiente onde há uma hierarquia, mas são "todos iguais e todos com espaço para comentar e dar a opinião".


Mudar de área à procura de emprego


Apesar de vir da área da psicologia, encontrou um gosto especial na Comunicação da Ciência. Teve "medo", confessa, quando a equipa lhe perguntou se gostava de trabalhar em edição de vídeo, na criação de páginas do website e gestão dos conteúdos. Solta um "pânico" e respira fundo. Disse que não e que queria ficar só com as redes sociais.


Contudo, ao perceber o ambiente em que estava, "em que podia errar sem problema e que ia ter uma rede de apoio espetacular para aprender e explorar", arriscou. Atualmente, 80% do trabalho de Mariana passa por edição de vídeo, criação de páginas para o website da experiência e criação de materiais para envolver as crianças com a Física de Partículas. Apenas cerca de 20% do seu tempo é dedicado às redes sociais.


Contudo, a formação em psicologia não foi em vão. É muito comum desenvolver questionários e analisar dados como fazia, e continua a fazer, na área da Psicologia Experimental.


Estava a fazer a tese em Psicolinguística e foi quando surgiu o interesse pela comunicação. A vontade é "aproximar a Ciência do público e mostrar que a Ciência é para todos".


Futuro em Portugal?


Apesar de sair de Portugal ser algo que sempre ambicionou, nunca imaginou que acontecesse "tão rapidamente e logo com uma instituição como o CERN".


Nunca imaginou a vida profissional em Portugal e, para já, "está completamente fora de questão". Apenas "por motivos de força maior o faria", diz. O contrato acaba em breve, mas já há "destinos apontados como possibilidade".

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