Ao longo do primeiro semestre de 2022, na Associação Convívio um grupo de artistas foi convidado a intervir e expor os seus trabalhos, de forma individual, porém continuada e em processos de acumulação, culminando com um momento de apresentação coletivo final. “Entretanto” é um momento de programação de artes plásticas que acontece pela apresentação pública de obras de arte que serão, por um lado, o pretexto para conversas ou performances e, por outro, o culminar de um processo de trabalho em forma de atelier aberto.
Catarina Braga é a quinta artista a apresentar um trabalho seu no Convívio e trouxe consigo a instalação Growth Room, uma instalação-experiência provocada por um controlo de tecnologias, temperaturas e condições climáticas, onde é possível experimentar um clima idealizado propício à aceleração do crescimento de plantas.
A instalação está num dos lugares mais altos e mais quentes do edifício. “Essa condição de temperatura é muito importante para o que estou a apresentar”, disse ao Mais Guimarães explicando que utilizou como referência “as estufas e aquelas salas onde existem fábricas de horticultura vertical onde usam luzes de crescimento”.
Além das luzes e do tecido que reveste as paredes, a terra, que iria receber plantas, também está presente. O único elemetno que falta ali é mesmo a água. “Neste caso, é um espaço não para crescimento de plantas mas sim para perceber como é que os nossos corpos se comportam num lugar que não foi feito para nós”, adiantou. É esse contraste entre o natural e o artificial que a artista acredita ser “fascinante” e que tem servido de impulso nas suas criações.
Catarina Braga está “curiosa para perceber a reação das pessoas, quanto tempo ficam e o que é que sentem”. No seu trabalho tem tentado “não pensar tanto numa arte que é objetual, mas sim de experiência e questionando o que é isto de construir condições para receber qualquer coisa”.
“Entretanto” partiu de uma vontade da nova direção do Convívio de ter um programa de artes visuais e artes plásticas continuadas, que “conseguisse abrir a casa de uma forma mais regular”. Quem o diz é Carlos Fraga que explicou que “o mote foi sempre o de casa aberta e como é que conseguimos apropriar-nos desta casa e, ao longo de seis meses, fazer uma atividade interessante que não seja exclusivamente colocar um artista em exposição, retirar e voltar a colocar”.
Com curadoria de Pedro Silva, que assume que “foi difícil, porque o Convívio não é propriamente um espaço de exposições, tal como um museu ou uma galeria”, o projeto terá ainda mais um momento de apresentação, com Gonçalo Pena em data ainda a anunciar.
O projeto termina com um momento de apresentação coletivo final, havendo uma ideia de acumulação. “O Convívio acumula uma série de memórias, vivências, objetos, e eventos culturais. Daí ir acumulando estes artistas nestes seis meses. Cada artista visitou o espaço e pensou um trabalho para este mesmo local, tendo em conta todas essas memórias e esse acumular. Quando fazemos uma exposição coletiva subentende-se que há uma afinidade entre todos os artistas ou as obras escolhidas, mas neste caso não há. Quisemos trabalhar nesse inesperado e nessa surpresa”, avançou Pedro Silva.
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