“Glória”, a primeira série portuguesa da Netflix, passa-se em 1968, altura em que Glória do Ribatejo fervilhava de espiões, mentiras e segredos. Carolina Amaral é Carolina, uma rapariga que trabalha no refeitório da RAdio RETransmissão (RARET) e que “não se satisfaz com o quotidiano”. À Mais Guimarães, conta como é que “Glória” é diferente do que já fez e de como se preparou para a sua personagem.
Portugal está a começar a mostrar-se ao mundo. Como é que isto vai mudar o panorama do cinema português?
O cinema que se faz em Portugal é há muito presença contínua nos principais circuitos de festivais europeus e não só, e, portanto, não é novidade que a criação portuguesa é celebrada pela sua singularidade e pelo fascínio das suas obras.
No caso da “Glória”, que é a primeira série portuguesa na Netflix, plataforma de uma magnitude assinalável, e que estará disponível em 190 países, seria desejável que, pela qualidade do projeto, surgisse maior interesse da parte de grandes plataformas de streaming em investir em equipas e conceitos em Portugal.
O que é que é diferente numa produção da Netflix?
Houve mais tempo para as diferentes fases de produção consequência direta de haver um maior orçamento, o que permitiu assegurar esse tempo tão precioso para as criações para que tenham oportunidade de crescimento, maturação e discussão. Há também uma campanha publicitária e de marketing que sustenta toda a divulgação e promoção da série e que, em Portugal, é raro estar tão concertada e ter esta relevância.
Quem é a Carolina, a tua personagem em Glória?
Carolina é uma rapariga que vive na Glória do Ribatejo e que apesar dos seus pais trabalharem na lavoura, percebe cedo que não quer ficar refém da sua condição familiar mais humilde e do ambiente conservador que se vivia nas famílias rurais nos anos 60. Trabalha no refeitório da RARET mas ainda assim ambiciona outros lugares e outras vivências que lhe estão vedadas à partida mas que a sua imaginação não tolera. Temerária e de temperamento irrequieto não se satisfaz com o quotidiano e por isso está sempre como que em desequilíbrio interno perante essa realidade que a tenta.
Glória é um thriller histórico baseado em factos reais, mas que poucos portugueses conhecem. Como é que reagiste quando conheceste a história da série?
Li o guião com grande voracidade pois tudo o que ia descobrindo me parecia espantoso, dadas as circunstâncias históricas tão específicas que Portugal vivia em 1968, esta narrativa sustentada em factos reais desconhecidos surpreendeu-me imenso.
Como é que foi a tua preparação para esta série?
Tivemos a oportunidade de ter ensaios com o realizador da série, Tiago Guedes, e com vários atores com que contracenávamos e isso foi sem dúvida, pela perspicácia e sensibilidade do Tiago e pela generosidade dos outros atores, a melhor forma de entrar neste projeto.
O que é que os portugueses podem esperar desta série que coloca Portugal na Netflix?
Podem esperar o inexpectável. É uma série com uma trama que se vai adensificando com muito mistério e seduzindo o espetador para um abismo. É extremamente sedutora na sua realização e tem uma equipa enorme e de uma generosidade tremenda a segurar essa mesma obra.
É imperdível não só pela sua narrativa e por revelar de uma parte tão enigmática da História, mas também pela beleza e intensidade da sua construção.
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