Adora música desde que se lembra e, aos 11 anos, Bispo fez a sua primeira canção. Mas “aquilo era uma brincadeira”. Quando os concertos começaram, em 2013, houve um que “teve 230 pessoas a pagar e 270 pessoas no fim”. Aquilo foi, diz, “maravilhoso”. Talvez esse momento, ter ali as pessoas – muitas que o viram crescer – fez com que sonhasse com mais e pensasse que um dia ia estar num palco muito maior.
Qual é a diferença de tocar e preparar um concerto para, por exemplo, um festival, e para um evento como este, uma receção ao caloiro?
A diferença, inicialmente, é grande, porque, inicialmente, preparou-se um concerto para o Sudoeste, mas o final, o desfecho, é que esse concerto acaba por ser para o Sudoeste, acaba por ser aqui para o Multiusos de Guimarães, acaba por ser para um festival que vai haver amanhã. Preparamos uma cena que gostamos tanto – adorei. Já não quero fazer sem banda, por exemplo. Houve ali uma altura no covid que estava a pensar “vou fazer sem banda”, porque já não me estava a lembrar de como é que era e nunca tinha experimentado o que tínhamos treinado. Ensaiamos com o álbum “Mais Antigo”, e nunca tinha provado isso. Ao preparar o festival, por exemplo, do Sudoeste, preparamos de uma forma que ficou tão fixe que queremos utilizar isso em todo o lado. Agora preparei-me para este concerto melhor do que me preparei para o Sudoeste. Acredites ou não, preparei-me. Fiz um estágio como se fosse um jogador de futebol, em que no dia anterior faço x e faço y, no próprio dia descansei e fiz desporto. E acho que deu mais do que certo.
Como foi regressar ao Multiusos quatro anos depois?
Estive aqui em 2018 e estive aqui hoje. Fui muito bem recebido em 2018, mas senti que foi do oito ao 80. Senti uma diferença abismal do abraço de há quatro anos para o abraço de hoje. Eu queria respirar e vocês continuavam a abraçar-me e eu tipo “deixei-me só respirar uma beca” e vocês continuavam a apertar. E isso foi top, gratificante, mesmo. Adorei. Estou curioso para o que vai acontecer daqui a dois anos, ou daqui a quatro anos.
Porque é que entraste pelo público?
Para sentir o vosso calor. Eu no Sudoeste não fiz isso. Preparei Guimarães diferente do que preparei o Sudoeste. Já aprendi, já vivi isso tudo. Primeiro, para sentir o vosso calor, sabia que a casa estava esgotada, podia não estar ao barrote na hora que eu fosse atuar, mas estava… Fui ali mesmo “com licença, estou aqui”. Aqui, no norte, o people é muito caloroso. Felizmente, eu estou a sentir isso de norte a sul, mas sinto que vocês recebem bué bem as pessoas e não têm problemas em demonstrar quando gostam. No entanto, reforço que estou a sentir esse abraço de norte a sul, e ilhas também!
Ouvir Bispo é conhecer-te, acho eu. Em que é que te inspiras?
Na vida, no que vou vivendo e no que vai acontecendo comigo e com quem está à minha volta. Mas principalmente comigo, com as minhas emoções, os meus sentimentos.
E sentes que acabas por inspirar também as outras pessoas?
É bom ver isso. É bom ver que o que nós fazemos inspira as outras pessoas. E sim, sinto cada vez mais isso.O Sam The Kid foi uma pessoa que mudou a minha vida, foi um amigo sem me conhecer, eu ouvia as músicas dele. Se isso acontecer comigo, significa que as músicas são boas. E se olharem para mim com a admiração que eu olho para ele, significa que caminhei bem.
Quais é que são os pormenores que realmente fazem a diferença?
Acreditares em ti.
Disseste uma vez que os números são um bom barómetro, mas que não significam que um artista seja necessariamente bom. Escreves mais para te satisfazer a ti próprio ou para satisfazer o público?
Para me satisfazer a mim próprio, 100%.
Que é que podemos esperar de ti no futuro?
Mais e melhor. Sempre não sei, agora. Mais e melhor.
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